
Um fantasma ronda o Brasil – Un fantasma si aggira per il Brasile (testo in portoghese e italiano)
Written by Arthur Rotta, 20 aprile 2025
No último domingo de outubro de 2022, o Brasil elegeu em segundo turno, por
pequena vantagem de votos, o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Luís Inácio Lula
da Silva presidente. Lula fez 50,88% dos votos válidos, contra 49,12% dos votos válidos do
atual mandatário, Jair Messias Bolsonaro do Partido Liberal (PL). Essa foi à eleição mais
acirrada da jovem democracia brasileira, sendo a diferença entre os dois contendentes a
menor desde 1989 – ano em que os brasileiros novamente recuperaram o direito de votar
para presidente, após mais de 20 anos de ditadura cívico-militar. Cabe registrar que desde 1989 o Brasil já contou com nove eleições presidenciais, sendo cinco delas vencidas por candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT). Entre essas vitórias, Lula venceu por três vezes: em 2002, 2006 e agora em 2022. A primeira vista, olhando-se em retrospecto até pode parecer que o país vive uma tranquila normalidade democrática. Porém, quem acompanha a realidade brasileira sabe que o país vive uma turbulência desde ao menos 2013, ano marcado por grandes protestos de ruas que, entre
outras coisas, ajudaram a organizar setores a direita até então envergonhados pelos longos
anos de ditadura militar. Entre esses movimentos, um deputado extremista, entusiasta do
regime militar, conseguiu galvanizar grande adesão popular no que acabaria culminando em
sua vitória eleitoral em 2018, refiro-me a Jair Bolsonaro. Bolsonaro, chegando ao poder, e mesmo antes, seguindo a cartilha típica de um populista de extrema direita, não teve pudor em se valer de conhecidas táticas trumpistas, desde ressuscitar o fantasma do comunismo, a ao apoio a causas fundamentalistas religiosas, racistas, homofóbica, xenofóbicas, e como o mundo assistiu horrorizado, a uma adesão ao negacionismo científico contra as medidas sanitárias preventivas recomendadas pela OMS em relação à Covid-19. O resultado não poderia ter sido diferente, quase 700 mil brasileiros morreram em razão da pandemia – estima-se que se o governo tivesse atendido as
recomendações da OMS e aceitado a vacina da PFIZER logo que lhe foi oferecida, ao menos
400 mil dessas mortes teriam sido evitadas. E por falar em negacionismo, também em linha
com o ocorrido nos EUA de Trump, o bolsonarismo adotou o negacionismo eleitoral para
contestar o resultado eleitoral Valendo-se de todo tipo de teses conspiratórias contras as urnas eletrônicas – as mesmas inclusive que garantiram a sua eleição e agora a maior bancada partidária ao seu partido, o PL, na Câmara dos Deputados – bolsonaristas saíram aos milhares para as ruas em
protesto contra o resultado eleitoral tão logo anunciada a vitória de Lula. Importante
mencionar que o anúncio da vitória de Lula ocorrido no mesmo domingo do pleito, dada a
expertise e agilidade do processo informatizado de apuração eleitoral adotado no Brasil desde
as eleições presidenciais de 1998, seguiu-se um silêncio de Bolsonaro. Esse silêncio foi rompido
apenas 44h horas após a confirmação oficial da vitória de Lula. O pronunciamento do
candidato derrotado, no entanto, foi ambíguo e pode ser entendido da maneira que conviesse
a narrativa bolsonarista de fraude eleitoral. Embora passados mais de um mês da realização do segundo turno, os protestos ainda ocorrem, especialmente em estados brasileiros de maioria bolsonaristas, agora menos bloqueando estradas e mais em acampamentos e aglomerações em frente a quarteis do exército. Nos protestos resistem apenas grupos mais fanatizados que mesmo adeptos de um dress code que tornou a camisa da seleção brasileira de futebol indispensável, não arredam dos seus acompamentos nem para assistir os jogos do time na Copa – evento esportivo
venerado pela imensa maioria dos brasileiros, capaz de parar todo o país durante os jogos do
selecionado nacional. Os protestos, no entanto, têm se reduzindo, seja por seus adeptos serem vencidos pelo cansaço, frustração ou por alguma iluminação providencial de razões desconhecidas, o
certo é que estes movimentos vieram para ficar no Brasil. O bolsonarismo se mostrou pródigo
em mobilizar grandes massas em seu favor quando lhe é conveniente. A grande questão
colocada daqui para frente, portanto, não será apenas como o novel Governo Lula lidará com
esses movimentos de tentações sediciosas, mas sim como a democracia e a república brasileira
conseguirão sobreviver a estes movimentos de fricção permanente que buscarão semear a
instabilidade com vistas à instalação de um projeto autocrático, por ora interrompido, mas que
como um fantasma, ainda assombra o país.
TESTO IN ITALIANO
L’ultima domenica di ottobre 2022, il Brasile ha eletto al secondo turno, con un piccolo vantaggio di voti, il candidato del Partito dei Lavoratori (PT), Luís Inácio Lula da Silva presidente. Lula ha ottenuto il 50,88% dei voti validi, contro il 49,12% dei voti validi dell’attuale rappresentante, Jair Messias Bolsonaro del Partito Liberale (PL). Questa è stata l’elezione più feroce della giovane democrazia brasiliana, con la differenza tra le due contese che è stata la più piccola dal 1989 – l’anno in cui i brasiliani hanno nuovamente riacquistato il diritto di voto per il presidente dopo oltre 20 anni di dittatura civico-militare. Va registrato che dal 1989 il Brasile ha avuto nove elezioni presidenziali, cinque delle quali vinte da candidati del Partito dei Lavoratori (PT). Tra queste vittorie, Lula ha vinto tre volte: nel 2002, 2006 e ora nel 2022. A prima vista, guardando indietro può persino sembrare che il paese stia vivendo una tranquilla normalità democratica. Tuttavia, chi segue la realtà brasiliana sa che il paese sta vivendo turbolenze almeno dal 2013, un anno segnato da grandi proteste di piazza che, tra le altre cose, hanno contribuito a organizzare settori di destra finora imbarazzati dai lunghi anni di dittatura militare. Tra questi movimenti, un deputato estremista, entusiasta del regime militare, è riuscito a galvanizzare un grande sostegno popolare in quello che alla fine sarebbe culminato nella sua vittoria elettorale nel 2018, intendo Jair Bolsonaro. Bolsonaro, salito al potere, e anche prima, seguendo il tipico libretto di un populista di estrema destra, non ha avuto vergogna nell’approfittare delle note tattiche trumpiste, dal resuscitare il fantasma del comunismo, al sostegno alle cause religiose fondamentaliste, razzisti, omofobe, xenofobe e, come il mondo guardava con orrore, a un sostegno al negazionismo scientifico contro le misure sanitarie preventive raccomandate dall’OMS in relazione a Covid-19. Il risultato non avrebbe potuto essere diverso, quasi 700.000 brasiliani sono morti a causa della pandemia – si stima che se il governo avesse soddisfatto le raccomandazioni dell’OMS e accettato il vaccino PFIZER non appena è stato offerto, almeno 400.000 di questi decessi sarebbero stati evitati. E a proposito di negazionismo, anche in linea con quanto accaduto negli Stati Uniti di Trump, il bolsonarismo ha adottato il negazionismo elettorale per contestare il risultato elettorale. Usando tutti i tipi di tesi cospirative contro le urne elettroniche – le stesse che hanno assicurato la sua elezione e ora il più grande caucus del suo partito, il PL, alla Camera dei Rappresentanti – i bolsonaristi sono scesi in piazza a migliaia per protestare contro il risultato elettorale non appena è stata annunciata la vittoria di Lula. È importante ricordare che l’annuncio della vittoria di Lula è avvenuto la stessa domenica delle elezioni, data la competenza e l’agilità del processo computerizzato di calcolo elettorale adottato in Brasile dalle elezioni presidenziali del 1998, seguito da un silenzio di Bolsonaro. Questo silenzio è stato rotto solo 44 ore dopo la conferma ufficiale della vittoria di Lula. La dichiarazione del candidato sconfitto, tuttavia, era ambigua e può essere compresa nel modo che si adattava alla narrativa bolsonarista della frode elettorale. Anche se più di un mese dopo il secondo turno, le proteste si verificano ancora, soprattutto negli stati brasiliani con una maggioranza bolsonarista, ora meno bloccando le strade e più nei campi e negli agglomerati di fronte alle caserme dell’esercito. Nelle proteste resistono solo gruppi più fanatici che anche i sostenitori di un codice di abbigliamento che ha reso indispensabile la maglia della nazionale di calcio brasiliana, non escono dalle loro partite o per assistere alle partite della squadra nella Coppa del Mondo – un evento sportivo venerato dalla stragrande maggioranza dei brasiliani, in grado di fermare l’intero paese durante le partite della nazionale. Le proteste, tuttavia, sono state ridotte, sia perché i loro sostenitori sono sopraffatti dalla stanchezza, dalla frustrazione o da qualche provvidenziale illuminazione di ragioni sconosciute, la cosa certa è che questi movimenti sono venuti a rimanere in Brasile. Il bolsonarismo si è dimostrato prodigo nel mobilitare grandi masse a suo favore quando gli conviene. La grande domanda posta andando avanti, quindi, non sarà solo come il romanzo Governo Lula affronterà questi movimenti di tentazioni seditose, ma piuttosto come la democrazia e la repubblica brasiliana saranno in grado di sopravvivere a questi movimenti eattriti permanenti che cercheranno di seminare instabilità in vista dell’installazione di un progetto autocratico, per ora interrotto, Ma che come un fantasma, ancora perseguita il paese.